Uma forma de registar e partilhar as observações que vão sendo feitas pela Secção de Biologia Marinha do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores.


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Foca em São Miguel: diário dos avistamentos

8.Dez. Calhetas de Rabo de Peixe

É provável que seja este o animal que arrojou nas Calhetas.


19.Nov. Porto de Ponta Delgada

Observada por muita gente durante todo o dia, por vezes de muito perto. Atiraram-se peixes para perto do animal, mas este não respondeu.

Cobertura na imprensa:



18.Nov. Marina de Vila Franca do Campo

As primeiras fotografias que conseguimos obter permitem fazer uma identificação preliminar da espécie como sendo uma foca-cinzenta, Halichoerus grypus (ver a ficha da espécie na IUCN Red List of Threatned Species ou na Seal Conservation Society).

Trata-se de uma espécie muito comum nas regiões temperadas frias de ambos os lados do Atlântico Norte, onde o seu efectivo apresenta uma tendência para aumentar. Classificada pela IUCN como de Baixa Preocupação, consta na Europa nos anexos II (Espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação) e V (Espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objecto de medidas de gestão) da Directiva Habitats.


Os adultos são animais de grandes dimensões: nas ilhas britânicas os machos têm em média 2 m de comprimento e pesam 233 kg enquanto as fêmas são mais pequenas, com 155 kg para 1,8 m de comprimento médio. Os animais do Atlântico Ocidental são ainda maiores: os machos pesam normalmente 300-350 kg e as fêmeas 150-200 kg.
As épocas de nascimento são diferentes consoante as regiões: em Janeiro na costa americana, entre Setembro e Dezembro no Atlântico oriental e entre Fevereiro e Março no Báltico. As crias nascem em terra ou no gelo, e as fêmeas amamentam-nas durante 15-18 dias. O desmame é abrupto, quando as crias pesam entre 40-50 kg. Estas ficam no local onde nasceram durante 1-4 semanas, até completarem a muda da pelagem, vivendo das reservas de gordura e chegando a perder 25% do seu peso corporal. Dispersam depois por uma área considerável, percorrendo por vezes distâncias de mais de 1.000 km.
Estes animais fazem mergulhos baixos e pouco demorados para se alimentarem sobretudo de peixes demersais.


14.Nov. Porto das Capelas

Foi hoje avistada uma foca no Porto das Capelas. Na ausência de fotografias não é possível dizer se se trataria do mesmo animal observado na Vila Franca. Testemunhas referem que o animal aparentava ter dificuldades em respirar.


10.Nov. Marina de Vila Franca do Campo

Foi avistada uma foca na Marina de Vila Franca durante a tarde de hoje. Segundo informação dos observadores o animal estaria visivelmente fraco. Uma equipa da RACA/Universidade dos Açores chegou ao local ao fim da tarde, mas não conseguiu localizar o animal. Aparentemente não foram feitas fotografias.

Nos últimos anos têm sido avistadas várias espécies de pinípedes nos Açores. Existem referências na internet a um exemplar vivo de Cystophora cristata (foca-de-crista) em São Jorge em Julho de 2006 (no IntraDOP e no Bordado de murmúrios) e um animal já em decomposição na Terceira, em Abril de 2007, identificado como uma foca-cinzenta, Halichoerus grypus (IntraDOP).

Em ambos os casos se tratam de espécies pelágicas das regiões árticas. A foca de crista, em particular, tem sido registada em regiões setentrionais de ambos os lados do Atlântico com frequência crescente nesta década (Mignucci-Giannoni & Haddow, 2002).

Referências
A. A. Mignucci-Giannoni & P. Haddow, 2002. Wandering hooded seals. Science, 295: 627-628.

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